Na idade dela não estaria ali assim, tão só, a pensar na vida. Que experiência e que maturidade tem ela para saber o que é realmente a vida? Valha-me Deus. - Diz, revoltada.
Isto ultrapassa-me. Talvez antigamente não me tenha passado ao lado, mas hoje, nem quero saber. A rua está deserta, ou quase, e a escuridão apoderou-se de mim. Não de uma forma dolorosa, contudo. A noite sempre me transmitiu uma certa tranquilidade, um certo pertence. Talvez pela solidão, talvez pelos rostos carregados que ela tanto traz. Sentia-me compreendida.
Não quero refletir. Quero apenas um momento para mim. A liberdade que tanto sonho. Sem deixar os meus pilares de parte. A minha família, os meus amigos verdadeiros, que tanta vontade de sorrir me transmitem diariamente.
Apesar de tudo, sou uma solitária. Sinto-me estranha quando preciso e me farto de estar acompanhada em algumas ocasiões. Às vezes apenas o "silêncio da música" me deixa repousar em mim mesma, finalmente.
Não quero ser mal interpretada. Repito para mim, não quero ser mal interpretada. Não quero.. Chega.
Acabou-se o meu tempo, a minha solidão. O relógio não pára e já devia estar em casa.
Afinal o que sei sobre a vida para divagar sobre ela?